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quinta-feira, 29 de dezembro de 2022
Se encontro uma razão para confiar, desconfio.
segunda-feira, 26 de dezembro de 2022
Que consigamos ser felizes na mesmice.
A gente vive querendo que chegue a sexta, e que depois cheguem as férias, a próxima viagem e que venha logo o ano que vem.
Parece que nos acomete uma necessidade urgente de sair da mesmice chamada rotina.
Talvez porque sejamos uma geração viciada em dopamina, queremos sentir prazer o tempo todo.
E a novidade gera esse prazer.
No cotidiano não existe o prazer do novo.
O cotidiano exige da gente enxergar aquelas belezas que são menos óbvias.
Refletindo sobre isso, lembrei da minha avó.
A
Nona não viajava e tampouco tinha férias, mas o que ficou gravado na
minha memória, é que toda vez que a via, ela estava com um sorriso no
rosto.
Sempre muito ocupada com os afazeres da casa, ela corria pra lá e pra cá, com a pressa de quem tem muito o que fazer e mesmo assim demonstrava estar feliz.
A minha geração julgaria que a vida que ela levava era monótona e sem graça.
Refletindo profundamente, acredito que a geração dela conseguiu enxergar essa beleza oculta do cotidiano.
Acho
que a geração dos nossos avós sabiam ressignificar as coisas, se tem
louça pra lavar é porque antes teve comida na mesa, se a casa ficou
bagunçada é porque tivemos a oportunidade de viver mais um dia. Não tive
a oportunidade de falar com a Nona sobre isso, mas penso que esse seria
um possível pensamento dela.
Que possamos sim, ansiar com muita
intensidade as nossas férias e finais de semana, mas que saibamos também
ver as belezas escondidas no cotidiano (e sentir prazer nisso).
Que consigamos ser felizes na mesmice.
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