“Por que você está procurando por problemas que, talvez, possam vir a seu encontro, mas que, de fato, podem não chegar a seu caminho? Quero dizer incêndios, edifícios caindo e outros acidentes do tipo que são meros eventos, e não tramas contra nós. Em vez disso, fique atento e evite os problemas que seguem nossos passos e estendem a mão contra nós. Os acidentes, embora possam ser sérios, são poucos – como naufragar ou a colisão de uma carruagem; mas é do próximo que vem o perigo cotidiano de um homem. Equipe-se contra isso; vigie isso com um olho atento. Não há nenhum mal mais frequente, nenhum mal mais persistente, nenhum mal mais insinuante.
Mesmo a tempestade, antes de se iniciar, dá um aviso; casas trincam antes de caírem; e a fumaça é o precursor do fogo. Mas o dano pelo homem é instantâneo, e de quanto mais próximo ele vem mais cuidadosamente está escondido. Você está errado em confiar na fisionomia daqueles que encontra. Eles têm o aspecto de homens, mas almas de bestas; a única diferença é que os animais lhe causam dano ao primeiro encontro; aqueles que passaram por eles não são perseguidos. Pois nada os incita a causar dano, exceto quando a necessidade os obriga: é a fome ou medo que os obriga a lutar. Mas o homem se delicia em arruinar o homem.
Você deve, no entanto, refletir o perigo que você corre na mão do homem, para que você possa deduzir qual é o dever do homem. Tente, nas suas relações com os outros, não prejudicar, para que não seja prejudicado. Você deve se alegrar com todos em suas alegrias e simpatizar com todos em seus problemas, lembrando o que deve oferecer e o que deve reter.
E o que você pode alcançar vivendo uma vida dessas? Não necessariamente a imunidade contra danos, mas pelo menos liberdade de engano.
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Dessa forma, no entanto, quando for capaz, refugie-se na sabedoria: ela irá cuida-lo em seu seio, e em seu santuário você estará seguro, ou, pelo menos, mais seguro do que antes.
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As pessoas colidem apenas quando viajam pelo mesmo caminho.
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Mas essa mesma sabedoria nunca deve ser alardeada por você; pois a sabedoria quando empregada com insolência e arrogância tem sido perigosa para muitos. Deixe-a retirar suas falhas, em vez de ajudá-lo a criticar as falhas dos outros. Não deixe que ela se afaste dos costumes da humanidade, nem faça com que ela condene o que ela mesma não faz. Um homem pode ser sábio sem alarde e sem provocar inimizade."