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quinta-feira, 21 de março de 2024

Nenhum excesso de preocupação pode tocar a realidade.

 

A preocupação é em certo ponto viciante, porque lhe fornece um senso de relevância no lugar em que você estiver, sem que esteja fazendo algo.

É um aparato de entretenimento portátil: você entra no banho ou deita na cama e divaga nos próprios excessos, a mente rodopia várias vezes em torno do mesmo eixo, isso te dá uma série de emoções – raiva, coragem, prazer de obtenção – surgem respostas heroicas para discussões fictícias, desfechos exagerados para coisas simples; você se sente bem, sente algo parecido com importância e poder, no entanto, fora desse seu domo de simulações, todos os assuntos ainda estão pendentes.

Acontece que tanto tempo girando em volta do mesmo meio faz com que a mente se perca; energia desperdiçada com o abstrato causa exaustão no panorama real, e como a infecção que se alastra quando a imunidade está baixa, o pensamento cansado se sujeita a ser vítima dos vigorosos desvairos — terminando como a cobra que perece ao engolir a própria cauda.

Suas pendências nunca são findadas, porque mesmo tendo uma ideia de resolução linear, você já começa o dia perdendo com pensamentos desordenados; anarquizados pela energia mal direcionada da noite passada.

Isso faz com que você despeje café goela abaixo ou se apoie em qualquer outra muleta de ânimo falso, só pra ter a vaga ilusão de que está fazendo algo quando, na verdade, continua correndo em círculos pra acabar levando o mesmo ciclo de postergação pra casa.

Ouça: nenhum excesso de preocupação pode tocar a realidade. E ainda que a ponderação lhe conceda epifanias que sirvam ao planejamento, se este não for contrabalanceado pela ação, é muito provável que você fique preso num circuito exaustivo durante anos.

Assim, a saída para isso não poderia ser mais óbvia: resolva suas preocupações!

Você não terá mais tempo para se preocupar uma vez que estiver ocupado tomando as medidas necessárias. E não importa se você vai começar o dia organizando a sua mesa ou tirando o lixo fora, toda ação, por menor que seja, é uma linha reta que te liberta do circuito da inércia.

Ocupe-se — para que a aflição não ocupe você.

by Per Onere

segunda-feira, 18 de março de 2024

Corte as conexões e deixe arder o que já foi

Algumas pontes precisam ser queimadas para que não se caia na tentação de retornar a um caminho que não leva a nada.

 Amores rasos, negócios opacos, sócios caros: você se lembra quantas noites custaram a difícil decisão de mudar o percurso?

 Afinal, como esquecer a incerteza; os ditos dos próprios causadores de que nada daria certo, e ainda assim a coragem; como esquecer a coragem a despeito de tudo em atravessar a névoa do improvável?

 Acontece que você nunca esqueceu, na verdade, sempre soube qual era a escolha certa, mas se deixou atraiçoar com a falsa expectativa da mudança interna; e quando as coisas neste novo trajeto ficarem difíceis, é nessa mesma ilusão que você vai se agarrar, porque preferimos o nocivo familiar ao proveitoso desconhecido.

 Por isso, o último acesso é o que geralmente determina se haverá retornos. Se nessa passagem você deixou atalhos abertos e detalhes soltos, significa que seu inconsciente só fomentou pretextos para, no futuro, te encaminhar ao mesmo erro.

 Queimar pontes significa causar uma ruptura tão brusca que te impossibilite um reatamento — por mais que você queira.

 É anular a vontade do famoso:

“Posso passar aí pegar minhas coisas?”

 Ou a chance de um:

“Deseja ouvir a minha nova proposta?”

 Você tentou.

 Já sabe como termina.

 Corte as conexões e deixe arder o que já foi, fazendo destes os fogos particulares que inaugurarão a passagem para essa nova fase da sua vida.

"by peronore"
 

Linha tênue é o que há entre ser bondoso e permissivo

  Se a excessiva bondade de um homem permite que os justos e inocentes sofram, eu não a vejo como outra coisa senão maldade. O inofensivo ne...