Translate

segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

Que consigamos ser felizes na mesmice.


  

 A gente vive querendo que chegue a sexta, e que depois cheguem as férias, a próxima viagem e que venha logo o ano que vem.


Parece que nos acomete uma necessidade urgente de sair da mesmice chamada rotina.


Talvez porque sejamos uma geração viciada em dopamina, queremos sentir prazer o tempo todo.

 E a novidade gera esse prazer.
No cotidiano não existe o prazer do novo.
O cotidiano exige da gente enxergar aquelas belezas que são menos óbvias.
Refletindo sobre isso, lembrei da minha avó.


A Nona não viajava e tampouco tinha férias, mas o que ficou gravado na minha memória, é que toda vez que a via, ela estava com um sorriso no rosto.

Sempre muito ocupada com os afazeres da casa, ela corria pra lá e pra cá, com a pressa de quem tem muito o que fazer e mesmo assim demonstrava estar feliz.


A minha geração julgaria que a vida que ela levava era monótona e sem graça.


Refletindo profundamente, acredito que a geração dela conseguiu enxergar essa beleza oculta do cotidiano.

Acho que a geração dos nossos avós sabiam ressignificar as coisas, se tem louça pra lavar é porque antes teve comida na mesa, se a casa ficou bagunçada é porque tivemos a oportunidade de viver mais um dia. Não tive a oportunidade de falar com a Nona sobre isso, mas penso que esse seria um possível pensamento dela.

Que possamos sim, ansiar com muita intensidade as nossas férias e finais de semana, mas que saibamos também ver as belezas escondidas no cotidiano (e sentir prazer nisso).

Que consigamos ser felizes na mesmice.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Linha tênue é o que há entre ser bondoso e permissivo

  Se a excessiva bondade de um homem permite que os justos e inocentes sofram, eu não a vejo como outra coisa senão maldade. O inofensivo ne...