Aquele garoto havia descoberto em si um novo poder. Já era homem, adulto, mas seu comportamento não permite que o chamemos assim.
Um tanto quanto inibido, da sua retração não saía muita coisa além de queixas e resmungos que mal chegavam aos ouvidos. Entendeu que tinha voz quando sibilou suas primeiras desculpas, e percebendo como isso constrangia e desarmava as pessoas, explorou o perdão ao máximo como sua maior fonte de força.
Pedia desculpas antes de falar.
Pedia desculpas por ser quem era.
Pedia desculpas antes de tomar uma decisão.
Por pouco não passou a se desculpar antes de pedir desculpas. Não teve tempo.
No começo, as pessoas até baixavam a guarda, sentiam pena; e quando se comoviam, ele conseguia extrair delas toda a atenção que queria.
Mas não tardou: logo perceberam o que estava acontecendo.
Decidiram tirar proveito da situação. O garoto virou bode expiatório da turma, tornou-se um poço de culpa onde todos atiravam a sujeira. E devido à palavra desgastada, jamais pôde provar aos de fora sua própria inocência.
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