Reflexione, meu amigo, sobre a natureza passageira de tudo ao nosso redor. Aquilo que você teme perder já está, por essência, perdido — o tempo, esse eterno ladrão, leva consigo tudo o que julgamos nosso. O destino nos empresta, mas jamais entrega. E quem se apega com desespero aos seus empréstimos é quem mais sofre quando chega a hora de devolvê-los.
O que você chama de 'seu' é apenas uma concessão temporária na ordem natural das coisas. Seu corpo? É feito da mesma substância das estrelas e, a elas, um dia retornará. Suas posses? Apenas objetos que, por um curto intervalo, estão sob sua custódia. Seus títulos e honrarias? Nada mais que percepções sociais, tão voláteis quanto a neblina ao amanhecer.
Isso não significa, contudo, que você deva negligenciar suas responsabilidades ou abandonar seus deveres. Pelo contrário. Viva intensamente cada momento e cumpra seu papel com dedicação. A sabedoria está em aproveitar o presente com gratidão, sabendo que tudo é passageiro. Utilize seus recursos sem se deixar dominar por eles, sempre consciente de que você é apenas um guardião temporário do que considera possuir.
Lembre-se de que cada instante é uma chance de praticar virtudes. O que importa não é o que você tem, mas como você reage às circunstâncias que o destino coloca em seu caminho. O caráter é sua única verdadeira posse, e este está ao seu alcance para cultivar e aperfeiçoar.
Aceitar a transitoriedade com serenidade traz a liberdade de viver sem as correntes da ansiedade. Faça o bem, aja com integridade e permaneça fiel aos seus princípios. Pois o verdadeiro sábio não é aquele que renuncia a tudo, mas aquele que mantém tudo sem jamais ser possuído por nada.
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